Piquete
A origem do Município de Piquete remonta ao século 18, quando as terras onde hoje ele se assenta pertenciam à freguesia de Nossa Senhora da Piedade (Lorena). Sertão inóspito, teve sua vasta mataria rompida em 1741, quando da abertura, por Lázaro Fernandes, morador na paragem do Campinho, à margem esquerda do Paraíba, onde tinha suas roças, de um caminho para ligar o povoado de N. S. da Piedade ao arraial serrano de Nossa Senhora da Soledade do Itajubá (Delfim Moreira). Esse caminho de penetração e abastecimento das "minas de Itajubá", passou, com o tempo, a servir para desvio de ouro e contrabando de cargas, o que suscitou a instalação, em 1764, de um registro – posto fiscal onde se cobravam os "Direitos de Entrada", imposto que incidia sobre mercadorias importadas pela Capitania de Minas. Esse Registro era guardado por um destacamento militar, auxiliado por "patrulhas dos caminhos". A presença desse piquete de cavalarianos que guarnecia o registro de Itajubá foi, provavelmente, o que concorreu para o nome do lugar.
O Registro de Itajubá, instalado para a cobrança do fisco era parada obrigatória dos transeuntes. Nenhuma tropa podia evitar a barreira. Isso fez com que, com o passar dos anos, pousos, ranchos e currais se multiplicassem, a princípio próximo ao posto fiscal e, mais tarde, ao longo do caminho, dando origem ao "Bairro do Piquete", que sempre esteve associado à Estrada de Minas, que se tornou conhecida como "Caminho da serra do Itajubá".
O paulatino crescimento do Bairro do Piquete pode ser observado quando se analisa os chamados "Maços de População" (documentos existentes no Arquivo Público do Estado de São Paulo), em que, na 7ª Cia. das Ordenanças da Vila de Lorena, no ano de 1828, neste bairro são recenseados 63 casas, 303 habitantes livres e 123 escravos. Nos anos subsequentes, essa população segue crescendo e a produção agrícola, que tinha como principais produtos a cana e o fumo, passa a ser substituída pelo café.
Com a expansão do bairro, seus habitantes pleitearam e conseguiram, junto ao bispado de São Paulo, em 1865, autorização para a construção de uma capela sob a invocação de São Miguel. Em 1875 essa capela foi elevada à condição de Freguesia, com o nome de Freguesia de São Miguel do Piquete.
Instalada a Freguesia, foi-se esboçando um pequeno núcleo urbano ao longo dos vales, com ruas tortuosas, casas foram surgindo nas encostas. Construiu-se a cadeia e o cemitério. Aos poucos, esse núcleo foi se avizinhando das matas, rios e córregos, recriando a paisagem e nela se integrando.
Após articulações políticas, os moradores “do Piquete” conseguiram que a Freguesia de São Miguel fosse elevada à condição de Vila, o que ocorreu em 7 de maio de 1891, por meio do Decreto Estadual de número 166. Emancipada de Lorena com o nome de Vila Vieira do Piquete, foi marcado para o dia 15 de junho a posse de seu Conselho de Intendência. A partir de então, a pequena Vila, de economia predominantemente agrária, voltada para a produção do café, e um incipiente comércio de beira de estrada, entrou no século 20 com suas dificuldades e pobreza. Contava com pouco mais de seiscentas pessoas na área urbana distribuídas em cento e vinte casas, das quais apenas quarenta possuíam cobertura de telhas. A renda municipal de seis contos de réis anuais mal dava para pagar os empregados públicos indispensáveis, nada restando para as necessidades públicas.
Em 1902 a sorte dos moradores muda com a escolha do município para que nele fosse instalada, pelo Exército, uma fábrica de pólvora sem fumaça. Esse fato transformou de maneira significativa a vida do município, que se tornou um grande canteiro de obras. A inauguração do ramal férreo em setembro de 1906 e as modificações sociais decorrentes das obras militares na região concorreram para que, em 19 de dezembro daquele ano, através do Decreto Estadual 1033, a Vila fosse elevada à categoria de cidade, com o nome de "Vieira do Piquete". Em 20 de setembro de 1915, a lei estadual nº1470 restringe para Piquete a designação da Vila Vieira do Piquete.